Os sinais de atraso na fala, como a própria palavra diz, indicam que existe algum parâmetro que não foi atingido dentro do tempo esperado.
Ou seja, apesar de sabermos que nem toda criança se desenvolve na mesma velocidade, há determinadas fases do desenvolvimento infantil — incluindo da fala — que servem de guia para orientar os profissionais de saúde a investigar possíveis dificuldades dos pequenos.
Claro que, como não estamos falando de ciências exatas, nem toda troca de letras ou até mesmo uma gagueira infantil significam que seu filho tenha um transtorno de fala.
Muito do que acontece com as crianças pequenas, até os 4 ou 5 anos, é totalmente previsto. Afinal, a aquisição da linguagem é um processo. Ninguém nasce sabendo falar, não é mesmo?
Ainda assim, vale a pena saber o que é considerado atraso na fala, de fato, e quando procurar um fonoaudiólogo infantil para ajudar seu filho a superar os desafios e utilizar todo o seu potencial de comunicação.
Continue a leitura e confira quais as etapas da fala e mais 10 sinais de atraso na fala que servem de alerta para os pais.
Quais as etapas da fala?
As cinco etapas da aquisição da fala são: comunicação verbal, produção de sons, estruturação das sílabas, estruturação de frases e diálogo. Elas seguem uma sequência que evolui da linguagem sem o uso de palavras até a construção e pronúncia correta de frases elaboradas e complexas.
Entenda melhor cada uma delas.
Comunicação não-verbal
Nos primeiros meses de vida, os bebês já se comunicam. Essa comunicação inclui interações simples, como o contato visual, expressões faciais e os movimentos corporais que expressam como se sentem.
Por volta dos 11 meses, o bebê começa a apontar para os objetos numa maneira de dizer “eu quero aquilo”. Mais tarde, esse gesto passa a ter um significado de convite para que você veja algo que chamou a atenção dele, como um cachorro passando na rua ou um avião no céu.
2. Produção de sons
Os primeiros sons que um bebê pequeno emite geralmente são feitos com os lábios, como “ba” e “ma”. Com o passar do tempo, ele começa a explorar outros sons, adicionando letras e fonemas ao seu vocabulário.
Para você ter uma ideia melhor, veja os sons que as crianças já devem ser capazes de pronunciar em cada idade:
- aos 18 meses (1 ano e meio de idade): B e M;
- 2 anos: P, T, D e N;
- 2 anos e 6 meses: K, G e NH;
- 3 anos: as letras F, V, S e Z;
- 3 anos e 6 meses: X (CH) e J (GE e GI);
- 4 anos: L, LH, R e RR;
- 5 anos: a fala da criança deve ser igual à do adulto.
3. Estruturação das sílabas
As primeiras sílabas que uma criança aprende são combinações simples de uma consoante e uma vogal, como “PA” e “NO”.
Com o tempo, ele vai tentar estruturas mais difíceis, onde a ordem das letras muda ou aumenta, como em “AR” ou “OS”, e combinações mais complexas como “LAR” e “TRANS”.
4. Estruturação das frases
Quando as habilidades de comunicação ficam mais elaboradas, a criança passa a se expressar com apenas uma palavra, usando-a como uma frase completa, como “água” para dizer “eu quero água”.
Conforme ela cresce, começa a combinar palavras em frases simples e curtas como “quer água”. Com o tempo, as frases ficam mais longas e complexas, incluindo conceitos de tempo e espaço, permitindo-lhe contar histórias sobre situações que não estão presentes, como “mamãe foi trabalhar”.
5. Diálogo
À medida que a criança expande seu vocabulário, o diálogo se torna mais fluido. No início, essa conversa depende bastante do adulto para ajudar a construir e entender as frases.
Depois de algum tempo, a criança se torna capaz de iniciar e manter conversas claras e independentes, evoluindo, até os dois anos de idade, de uma interação baseada em “adivinhações” para uma conversa recíproca.
Além dessas etapas, você também pode acompanhar os marcos de desenvolvimento da fala, que, como falamos lá no início, são determinados períodos do desenvolvimento das crianças durante os quais se espera que elas adquiram certas habilidades.
Confira a tabela de desenvolvimento da fala e linguagem abaixo:
Desenvolvimento da linguagem: 10 sinais de atraso na fala
Ao analisar diversos artigos sobre aquisição de fala e linguagem, um estudo publicado na Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia levantou os principais sinais de atraso na fala.
De acordo com a publicação, esses sintomas normalmente estão relacionados a atrasos simples, desvios fonológicos e fonéticos, transtorno de desenvolvimento de linguagem e disfluências (como a gagueira infantil, por exemplo).
Confira, a seguir, os 10 sinais mais comuns de atraso na fala.
1. Trocas de fonemas: as trocas que mais aparecem em crianças com atraso na fala são R por L, V por F, Z por S e S por X (CH);
2. Vocabulário reduzido;
3. Alterações na ordem das sílabas: como em “mánica” (máquina) e “derremoinho” (redemoinho);
4. Alteração nos sons da palavras: como em “picoca” (pipoca) e “tonardo” (tornado);
5. Fala incompreensível: quando os pais não conseguem entender o que a criança diz ou, ainda, quando a criança cria uma linguagem própria;
6. Dificuldade de memorizar sequências de sons: a criança não consegue contar uma história curta ou manter uma conversa;
7. Produção de frases desorganizadas ou na ordem inversa: as frases saem quase sem sentido, como em “eu médico vou”;
8. Dificuldade nos movimentos necessários para emitir as letras: é um distúrbio conhecido como apraxia da fala, no qual a criança não consegue entender os movimentos da boca, dos lábios e da língua que precisa fazer para pronunciar determinado som;
9. Gagueira persistente ou fala acelerada: repetição ou prolongamento de letras ou sílabas (“ca-ca-casa” ou “caaaaaasa”) e velocidade de fala que compromete a compreensão da mensagem por outras pessoas;
10. Dificuldade de compreensão: crianças com desafios de aprendizagem, que não conseguem entender o que é pedido e seguir instruções de jogos, por exemplo.
Junto com a tabela de desenvolvimento da fala, os sinais de atraso na fala dão pistas importantes de quando é necessário levar a criança para uma avaliação fonoaudiológica.
Ao saber o que é considerado atraso na fala, você tem mais embasamento para procurar a ajuda de um fonoaudiólogo. O tratamento fonoaudiológico costuma ter bons resultados, revertendo ou minimizando as dificuldades de comunicação oral das crianças.
E, hoje em dia, você pode optar por sessões virtuais com um fonoaudiólogo infantil on-line que, além de mais acessíveis financeiramente, oferecem a comodidade de fazer terapia fonoaudiológica do conforto da sua casa.
O importante é procurar meios de destravar e desenvolver todo o potencial de fala dos seu filho.
Este artigo foi escrito pela equipe KidBrains: fonoaudiologia e psicologia on-line para crianças e adolescentes.
